ENGENHOS
ENGENHOS
PARTE 3
Engenho de Açúcar
De acordo com pesquisas do historiador
Rainer Sousa, foi o colonizador português Martim Afonso de Souza que trouxe as
primeiras mudas de cana-de-açúcar e realizou a disseminação dessa primeira
atividade de exploração econômica no Brasil. A produção desse tipo de gênero
agrícola aconteceu por conta do conhecimento anterior de técnicas de plantio e
preparo que permitiriam o desenvolvimento de tal atividade na América
Portuguesa. Contudo, a fabricação do açúcar não dependia somente do plantio da
cana em terras férteis.
Para que o caule da cana fosse
transformado no açúcar a ser consumido em diferentes partes da Europa, era
necessário que várias instalações fossem construídas. Mais conhecidos como
engenhos, tais localidades eram compostas por uma moenda, uma casa das
caldeiras e das fornalhas e a casa de purgar. Com o desenvolvimento da economia
açucareira, os engenhos se espalharam de forma relativamente rápida no espaço
colonial, chegando a contar com 400 unidades no começo do século XVII.
Após a colheita, a cana-de-açúcar era
levada à moenda para sofrer o esmagamento de seu caule e a extração do caldo.
Em sua grande maioria, as moendas funcionavam com o uso da tração animal.
Também conhecida como trapiche, esse tipo de moenda era mais comum por conta
dos menores gastos exigidos para a sua construção. Além do trapiche, haviam as
moendas movidas por uma roda-d’água que exigiam a dificultosa construção de um
canal hidráulico que pudesse movimentá-la.
Feito o recolhimento do caldo, o
produto era levado até a casa das caldeiras e fornalhas, onde sofria um longo
processo de cozimento realizado em grandes tachos feitos de cobre. Logo em
seguida, o melaço era refinado na casa de purgar, lugar onde a última etapa de
refinamento do açúcar era finalmente concluída. O beneficiamento completo do açúcar
era realizado em terras brasileiras pelo fato de Portugal não possuir
refinarias que dessem fim ao serviço.
Ainda em terras coloniais eram
produzidos dois tipos diferentes de açúcar: o mascavo, de coloração escura e
escoado para o mercado interno; e o branco, em sua grande maioria direcionado
aos consumidores do Velho Mundo. Após a embalagem do açúcar, as caixas eram
transportadas para Portugal, e, posteriormente, para a Holanda, que participava
realizando a distribuição do produto em solo europeu. Por volta do século XVII,
a cidade flamenca de Amsterdã passou a realizar o refino do açúcar.
Além dessas unidades produtivas, um
engenho também contava com construções utilizadas para o abrigo da população
que ali vivia. Na casa-grande eram alojados o proprietário das terras, sua
família e alguns escravos domésticos. Na senzala ficavam todos os escravos que
trabalhavam nas colheitas e instalações produtivas do engenho. Por meio dessa
configuração, podemos ver que a formulação desses espaços influiu nos contastes
que marcaram o desenvolvimento da sociedade colonial.
Ao contrário do
que muitos chegam a imaginar, os engenhos não estavam disponíveis em toda e
qualquer propriedade que plantava cana-de-açúcar. Os fazendeiros que não
possuíam recursos para construírem o seu próprio engenho eram geralmente
conhecidos como lavradores de cana. Na maioria das vezes, esses plantadores de
cana utilizavam o engenho de outra propriedade mediante algum tipo de
compensação material.
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