SANSAPÉ MINHA TERRA NATAL
ORIGEM DO NOME
Há várias versões a
respeito da origem do nome Sansapé, segundo os mais antigos foram os nativos
que deram esse nome, pois durante o apogeu do cultivo da cana-de-açúcar na
região (Século XIX), após a cana ser espremida, o caldo fervido e apurado, o
açúcar era transportado para a Europa. Nessa época a propriedade era chamada de
terras de São José. Com o funcionamento do Engenho surge a versão do nome
Sansapé. Nessa época a fazenda se destacava recebendo a visita de muitas
pessoas: índios, escravos e missões religiosas. Várias localidades denotam
religiosidade cristã-católica fervorosa dos colonizadores desenvolvida pelos
padres jesuítas. Uma minoria é baseada na língua indígena enquanto a maioria
recebeu nome de santo. Foi em meados do século XVII, que um movimento da
Companhia de Jesus, saindo de São Luís, sob a orientação do Convento de Santo
Antônio, partiu em direção à baixada maranhense, através de embarcações, com a
missão evangelizadora de aproximação e catequese de índios e nativos,
incluindo, principalmente, uma colônia de pescadores que morava em palafitas,
(povoações lacustres sobre esteios) às margens do lago Cajari, na localidade
Boca do Lago, hoje, cidade de Penalva.
A presença das ordens
religiosas na colônia prendia-se, teoricamente, aos interesses pela conversão e
educação dos nativos, instrumento de dominação da política colonial européia,
com patrocínio da coroa real. Há, também, especulações a respeito da busca de
ouro na região.
Essa missão era expansionista, formada por padres e freiras de origem
européia ou canadenses, pessoas brancas, educadas, de pele fina e muita beleza
física, detalhes que contrastavam com os nativos não acostumados com gente
daquele tipo.
Ao chegar à cidade de Viana, uma das mais antigas da Baixada, começou um
lento processo de conhecimento e conquistas. Igrejas foram construídas,
povoados, lavouras, olarias, engenhos, mais tarde um seminário e sempre
expandindo esta obra.
A
cidade de Viana está situada às margens do lago Maracaçumé, lago de grande
porte e que só atinge a sua cheia na estação das chuvas. Às margens do lago,
nas enseadas, formam-se colônias de pescadores, abrigados em pequenos ranchos
de palha de babaçu, muito comum na região, e pequenos portos para canoas e
transporte de produtos vindos da mata.
Naquela época o meio de comunicação era
único, era boca a boca e o principal habitante era o índio. Havia aldeias dos
índios Timbiras, Gamelas, Guajá e Guajajaras nas margens dos lagos. Só em
grandes secas é que os índios procuravam água e comida no interior da mata,
construindo suas aldeias nas nascentes de olhos d’água ou na beira de pequenas
lagoas.
Nos pequenos povoados, quase sempre formados por pessoas da mesma
família, índio ou descendente, o meio de vida era apenas para sobrevivência, ou
seja, pescando, plantando, colhendo e criando pequenos animais para consumo
próprio. A sobra era muito pouca, muito embora tivesse, em Viana, mercado para
trocarem a produção.
Foi com a presença dos missionários jesuítas que essas distâncias começaram
a diminuir e melhorar o relacionamento entre os habitantes daquela região.
Os
povoados foram ganhando nomes, quase sempre como homenagem ao santo do dia.
Assim surgiram: Nossa Senhora de Nazaré, São Cristóvão, São Brás, São
Francisco, São João, São José, São Raimundo, São Pedro, Santo Antônio, Santa
Vitória, Santa Maria, Santa Rosa, Santa Rita, São Rafael, São Felipe, Santa
Luzia, Santa Clara, São Malaquias, Santa Bárbara, São Rufo, São Vicente,
Santeiro, Santana, Santarém e outros.
Enchendo a vista, agrada-me, embora sem
conto, a história da missionária bonita, com cara de santa, que se perdeu no
campo e quando achada pelos nativos foi tida como a santa que andava a pé. Daí
santa-pé, até a língua mais fácil acostumar-se com Sansapé.
Sansapé, até que podia ser São Sapé, pela boa
vontade do latim cristão, afinal, Sapé é um tipo de capim de uso variado, com
grande utilidade na vida do animal como alimento e do homem na cobertura e
formação de abrigos, casas e até para a confecção de cestos e balaios. Bem que
alguém, para homenageá-lo, o chamou de capim santo, ou São Sapé, San-Sapé, e,
quem sabe, Sansapé, na melhor forma castelhana.
Muitas são as histórias ouvidas por mim a esse respeito, quase sempre
procurando a origem deste nome. Tem uma contada pelo tio Bráulio, que diz, no
passado, Sansapé tratar-se de um lugar tão longe que era de cansar o pé, ou
melhor, de “cansapé”, daí Sansapé.
Há,
ainda, como possibilidade a ser considerada, a versão de origem gaúcha, vinda
de São Sepé, fazendo relação com o índio Sepé Tiraju, da tribo dos Guaranis,
Rio Grande do Sul, que morreu em combate. Os missionários ensinavam que
ganharia o céu aquele que tombasse em luta pela defesa das missões cristãs
contra os exploradores. Por esse motivo, segundo a tradição, o guerreiro morto,
no sul do continente, foi transformado em mito por ter sido canonizado pela
vontade do povo, embora ignorado pelos brasileiros, passando a ser invocado
como San Sepé ou São Sepé.
Ainda temos a cidade de Sapé, um município brasileiro do estado da
Paraíba, cheia de encantos e beleza, sagrando o capim-sapé: “Sapé, Sapé, do capim que alumia/em tuas
planícies os potiguaras viviam/bela cidade que nasceu da ferrovia/Sapé, Sapé
que amamos cada dia/Sapé, o teu passado enaltece a tua história/E o teu povo
com orgulho/Contempla a tua história.”
Sansapé tem essa multiplicidade de origem de nome, você escolhe aquele
que achar melhor. É uma mistura de nomes portugueses, brancos, índios e negros.
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