ENGENHOS
O Trabalho dos Escravos nos Engenhos
Os
escravos representavam a principal mão de obra do trabalho nos engenhos
açucareiros (cerca de 80%) e não recebiam salários.
Além
de trabalharem longas jornadas, viviam em péssimas condições, vestiam trapos,
eram açoitados pelos capatazes e ainda, comiam o resto da comida. Trabalhavam
tanto na produção da cana, como nas casas senhorias, fazendo o trabalho de
cozinheiras, faxineiras, amas de leite, etc.
Alguns
trabalhadores livres que recebiam salários, trabalhavam nos engenhos, por
exemplo, o feitor, capatazes, ferreiros, carpinteiros, mestre do açúcar e
lavradores da terra.
Em
1533, o colonizador português Martim Afonso de Souza trouxe as primeiras mudas
de cana-de-açúcar e realizou a disseminação dessa primeira atividade de
exploração econômica no Brasil. A produção desse tipo de gênero agrícola
aconteceu por conta do conhecimento anterior de técnicas de plantio e preparo
que permitiriam o desenvolvimento de tal atividade na América Portuguesa.
Contudo, a fabricação do açúcar não dependia somente do plantio da cana em
terras férteis.
Para
que o caule da cana fosse transformado no açúcar a ser consumido em diferentes
partes da Europa, era necessário que várias instalações fossem construídas.
Mais conhecidos como engenhos, tais localidades eram compostas por uma moenda,
uma casa das caldeiras e das fornalhas e a casa de purgar. Com o
desenvolvimento da economia açucareira, os engenhos se espalharam de forma
relativamente rápida no espaço colonial, chegando a contar com 400 unidades no
começo do século XVII.
Após
a colheita, a cana-de-açúcar era levada à moenda para sofrer o esmagamento de
seu caule e a extração do caldo. Em sua grande maioria, as moendas funcionavam
com o uso da tração animal. Também conhecida como trapiche, esse tipo de moenda
era mais comum por conta dos menores gastos exigido para a sua construção. Além
do trapiche, haviam as moendas movidas por uma roda-d’água que exigiam a
dificultosa construção de um canal hidráulico que pudesse movimentá-la.
Feito
o recolhimento do caldo, o produto era levado até a casa das caldeiras e
fornalhas, onde sofria um longo processo de cozimento realizado em grandes
tachos feitos de cobre. Logo em seguida, o melaço era refinado na casa de
purgar, lugar onde a última etapa de refinamento do açúcar era finalmente
concluída. O beneficiamento completo do açúcar era realizado em terras
brasileiras pelo fato de Portugal não possuir refinarias que dessem fim ao
serviço.
Ainda
em terras coloniais eram produzidos dois tipos diferentes de açúcar: o mascavo,
de coloração escura e escoada para o mercado interno; e o branco, em sua grande
maioria direcionada aos consumidores do Velho Mundo. Após a embalagem do
açúcar, as caixas eram transportadas para Portugal, e, posteriormente, para a
Holanda, que participava realizando a distribuição do produto em solo europeu.
Por volta do século XVII, a cidade flamenca de Amsterdã passou a realizar o
refino do açúcar.
Além
dessas unidades produtivas, um engenho também contava com construções
utilizadas para o abrigo da população que ali vivia. Na casa-grande eram
alojados o proprietário das terras, sua família e alguns escravos domésticos.
Na senzala ficavam todos os escravos que trabalhavam nas colheitas e
instalações produtivas do engenho. Por meio dessa configuração, podemos ver que
a formulação desses espaços influiu nos contastes que marcaram o
desenvolvimento da sociedade colonial.
Ao
contrário do que muitos chegam a imaginar os engenhos não estavam disponíveis
em toda e qualquer propriedade que plantava cana-de-açúcar. Os fazendeiros que
não possuíam recursos para construírem o seu próprio engenho eram geralmente
conhecidos como lavradores de cana. Na maioria das vezes, esses plantadores de
cana utilizavam o engenho de outra propriedade mediante algum tipo de
compensação material.
Em
1.532, Martim Afonso de Sousa introduziu a cana-de-açúcar no Brasil,
inicialmente na capitania de São Vicente, trazendo mudas da Ilha da Madeira,
colônia de Portugal, onde fundou o primeiro engenho, Engenho de São Jorge,
conhecido como Engenho do Governador. Hoje esse engenho é uma reserva cultural
da USP.
Em
1.535 os engenhos chegaram ao nordeste, Pernambuco e Bahia, inicialmente.
Espalhando-se, mais tarde, pelo interior do país.
Havia
na Europa um movimento expansionista, liderado, principalmente, pelos
portugueses, franceses, espanhóis, ingleses e holandeses, interessados nas
riquezas do continente. Em 1.555 os franceses fundaram no Rio de Janeiro a
França Antártica, que durou até 1.560, quando foram expulsos pelos portugueses.
Em 1.612 os franceses fundaram a França Equinocial em São Luís, sendo, em 1.618
expulsos do Maranhão, pelo português Jerônimo de Albuquerque, batalha que ficou
conhecida como a Batalha de Guaxenduba, passando a ter o controle das terras
maranhenses.
Em
1.641, os holandeses desembarcaram em São Luís e tinham como objetivo a
expansão da indústria açucareira com novas áreas de produção da cana-de-açúcar,
já crescente na costa nordestina. Depois, expandiram-se para o interior da
Capitania, a procura de terras férteis para a produção da cana-de-açúcar,
aproveitando, principalmente as vias de acesso, marítima e fluvial. Os colonos,
insatisfeitos com a presença holandesa, começaram um movimento para a expulsão
dos holandeses do Maranhão em 1.642, sob a liderança do português Antônio
Teixeira de Melo, terminando em 1.644.
Em
1.682, a Coroa Portuguesa, com o apoio dos Jesuítas, criou a Companhia de
Comércio do Maranhão, com a finalidade de aumentar o comércio com a Europa e a
importação de escravos africanos. A companhia não prosperou. Liderada por
Manuel Beckman, começa uma revolta nativista conhecida como a Revolta de
Beckman, que queria o fim da Companhia e a expulsão dos Jesuítas, pois a
Companhia de Jesus era contra a escravidão dos indígenas (principal fonte de
mão de obra na época). Este movimento conseguiu fazer com que a Companhia fosse
extinta, embora não tenham sido atendidos sobre a expulsão dos Jesuítas. Manoel
Beckman foi morto, enforcado, em praça pública, pelas forças da Coroa
Portuguesa.
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