HOMENAGEM À MINHA CIDADE DE PENALVA
Uma viagem ao passado
Quero falar da minha cidade com o coração. Falo de Penalva,
com a intimidade de quem nela vive desde a infância. Aqui é o meu chão. Bela
terra onde nasci. Enche-me a alma de funda emoção. Aqui ando de pés descalços e
de olhos fechados. E nem assim me perco.
Aqui é minha pátria, esse sentimento começa com minhas
lembranças e com a memória de tempos idos. Pra começar elenco uma série de
motivos, únicos, que fazem de Penalva uma terra ímpar:
1 – Ilha flutuante do Formoso;
2 - Campos naturais, aguados e verdejantes, o ano todo;
3 – Piscicultura natural com a maior variedade de peixes da
água doce;
4 – Juçara e babaçu permanentes;
5 – Santuário da vida silvestre.
Já faz sessenta anos distantes deste berço natal. Empolgo-me
ao falar do seu passado. Saudade da juventude sem droga, que levava a vida a
sonhar, namorar, dançar e estudar. Lembro-me da minha cidade e sinto saudade de
tudo que nela vivi.
Começo pelo velho
Mercado Central, situado no cruzamento das ruas Getúlio Vargas com Djalma
Marques. Foi construído num plano alto, ladeado por ampla escadaria. Um belo
lugar arborizado com flamboaiãs, uma árvore ornamental com flores em corimbos e
grande vagem escura e pendente. Esse mercado era um lugar de referência na
cidade, a sua parte interna era servida por balcões escantilhados para venda de
carne bovina e suína. Ainda tinha bancas com frutas, verduras e legumes.
Lembro-me, com gostosa saudade, dos açougueiros: Zé Bode, Mazico, Raimundo
Matos e João Pacheco. A parte externa, com escadarias laterais, além de via de
acesso, servia de assentos, em filas sucessivas, para dar melhor visibilidade a
eventos cívicos, alegóricos e carnavalescos. Era ali o melhor local para ser
apreciado o encontro dos blocos carnavalescos: Pau D’Agua, Mangueira e
Vocalista Tropical, os mais antigos. Animados, também, naquele aprazível local,
era dar ouvidos ao som noturno de Nelson Gonçalves, no Bar do Ernande, e ao
baião de Luís Gonzaga vindo da radiola de Jorge Pinheiro, logo em frente.
Ali perto, contíguo, o velho Grêmio, o clube social da
cidade, Grêmio Cultural e Recreativo Penalvense, recordação eterna de grandes
bailes. Dança alegre e festiva da sociedade. Festas carnavalescas, juninas e
bailes a rigor, como réveillon, esta em grande baile dançante com ceia e grito
de carnaval, à meia noite, para saudar o ano novo. Ainda, no Grêmio, eventos
culturais, com peças teatrais memoráveis, sob direção impagável de Aldo Leite,
assistência de Cabeh, Graça Silva, Lourdes Santos e participações variadas,
inclusive a minha.
Impagável é a saudade
do Cine Trianon, casa de cinema da família Leite, era uma grande montagem que
se destinava à diversão, ali eram exibidos filmes de Hollyood, como Tarzan, com
sua Jane, Boy e Chita. Além de séries do faroeste americano, filmes épicos e
comédias. E mais, sob o comando de Raimundo Leite, Luis Messias e suas irmãs,
promoviam-se, naquela casa de eventos, shows de calouros e interpretações
teatrais.
IVALDO CASTELO BRANCO
(Ivaldodesansapé)
Em "uma viagem ao passado" o meu amigo Dr Ivaldo Castelo Branco consegue chegar ao presente proporcionando um deleite saudosista sem perder a essência do resgate histórico de uma época de ouro.
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